terça-feira, 29 de setembro de 2009

Aquathlon


Eu não sou de açúcar. Eu não costumo refugar. Mas ontem precisei de força para sair de casa. Chovia torrencialmente.

O despertador tocou às 7h, abri a janela e refuguei.
O despertador tocou às 8h, abri a janela e refuguei.
O despertador tocou as 8:30h, daí não abri a janela. Se não refugaria de novo.

Apelei para um cafezinho (para não ter chance de voltar para a cama) e só aí passei a pensar: para onde iria, que roupa, qual tênis... Saí com poucas certezas: uns 20km, iria mais para a Zona Sul e, a maior certeza de todas, chovia torrencialmente.

Refiz o inicio do longo da semana passada. Nilópolis, Vicente da Fontoura, Oscar Pereiera (rumo ZS) e aqui mudei o percurso. Saí da Oscar Pereira e entrei na Aparício Borges.

Até então cruzando com pouquíssimas pessoas, a chuva explica. Mais uma vez vi a força das igrejas, a maioria das pessoas que vi estavam perto de igrejas ou tinham cara de crente.

Quando a Aparício Borges vira Av. Nonoai, cruzei com o primeiro corredor. Eu sentido ZS; ele no outro sentido. Acho que para ele eu tb era o primeiro do dia. Foi muito natural, quase no mesmo instante eu e ele nos cumprimentamos.

Saí da Av. Nonoai pela Campos Velho, popular Faixa Preta. Até então todos que cruzaram meu caminho haviam sido de casa por opção (correr ou rezar). Aqui não. Cruzei com um catador de lixo, subindo a lomba, debaixo de chuva. Pensei que ele não teve opção de refugar, teve que sair e se virar.

Segui pela Faixa Preta até chegar na Icaraí, costeei o Hipódromo e Big. Nesse ponto, foi difícil, aquathlon praticamente. Foi a pior piscina, quero dizer, poça de água. Quando os ônibus passavam valia até pegar jacaré.

Saí da Icaraí e entrei na Chuí, Padre Cacique e Edvaldo Pereira Paiva (Av. Beira-Rio). Na principal avenida para os corredores de Porto, outro determinado, outro que não falta treino. Cruzei com outro corredor. Deu até para brincar: “Ainda bem que não está chovendo”. Uma meia-risada e só, cada um seguiu seu caminho, eu de volta para o centro, ele, sentido ZS.

Fui pela Av. Beira-Rio até a Ipiranga, por onde corri muito pouco, só até a Borges de Medeiros.

Passando por baixo do Viaduto da Borges, o segundo soco “social” no estômago: vi uma moradora de rua enchendo uma garrafa com a água que corria no meio-fio e depois a tomou. Exclusão social à olhos vistos.

Fui pela Borges até a Mauá, nesse ponto o cansaço já gritava. Tracei o objetivo de chegar até o Instituto de Educação. Entrei na contra-mão do viaduto da Conceição, único trecho que não caiu água sobre mim, evidentemente. Mesmo quando não passava carro, o barulho é constante, é um zumbido permanente.

Ao sair do túnel estava há umas centenas de metros do objetivo, corri vagarosamente esse finalzinho de treino molhado. Estava longe de casa, tive que apelar para um ônibus. Na parada, as poucas pessoas me olhavam estranho. Não é normal alguém correr com aquela chuva, menos normal ainda é o maluco que saiu para correr com aquela chuva, ter que voltar de ônibus para casa.

Resultado da corrida: muita chuva, 21,06km, 01:53’:26’’, muita chuva, 2 corredores, 2 mostras de pobreza e muita chuva.

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