segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Uma baixa no treino

Depois de anos de companheirismo, sempre junto comigo, ele se foi!
Quando eu lutava jiu jitsu, muitas vezes ele avisava do final dos rolas. Nos campeonatos, avisou muitos dos meus companheiros sobre o restante da luta.
Nos tempos de maromba era ele quem ditava a dinâmica do treino. Nas marcas dos três grandes da musculação estava praticamente segurando a barra.
Ele estava comigo no meu melhor tempo dos 10km, tb estava no pior tempo. Esteve do meu lado durante minha primeira meia maratona e tb durante todo o treino para ela.
Depois de 9 anos de parceria, ele se foi. Meu relógio morreu de vez!
Não resistiu aos maus tratos, anos de suor corrosivo, banhos de mar, encontrãos nos mais diversos objetos... Ele finalmente descansou.
Ganhei da minha mãe de Natal em 1999. Eu ia fazer o vestibular e todos achavam um absurdo eu não cronometrar o tempo de resolução das respostas, de cada matéria e tempo de prova. Eu não usava relógio, achava desnecessário tanto cuidado com o tempo de vestibular e argumentei que nem tinha relógio. Para resolver a situação minha mãe "encomendou para o Papai Noel".
Impressionante como ele mudou minha vida.
Até então, o tempo simplesmente passava. Depois do relógio, eu passei a aferir quase tudo na minha vida.
No jiu jitsu, várias vezes usaram meu relógio para marcar o tempo dos rolas; em campeonatos várias vezes fiquei incumbido de marcar o tempo de luta e passar para lutador, ou fizeram isso para mim.
No ferro, intervalo entre uma série e outra era medido religiosamente na contagem regressiva. Estava no meu punho quando resolvi testar minhas repetições máximas.
Na corrida assume papel indispensável. Nunca corri sem relógio. Em rodagens ou longos, o cronometro normal da conta do recado. Em intervalados ou fartleks, regressivo para marcar o tempo total e cronometro para marcar os tempos e intervalos. Já arrumei um substituo temporário para me acompanhar na pista hoje, mas não foi igual.
Em função dos maus tratos, muito precocemente ele descascou toda a caixa de máquina e ficou feio, servindo só para treinos. Já tive/tenho outros, os sociais para trabalhar, mas aquele sempre foi o meu xodó.
Me sinto o Rocky Balboa tendo que ir no enterro do seu treinador, o Velho Mickey.
O coreano lá da galeria do Rosário que sempre trocou a pilha e já o arrumou algumas vezes, disse que não vale a pena consertar.
A esperança é última que morre. Vou levar em outro camelô para ver se tem conserto.

R.I.P

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